O Nubank comprou uma consultoria para reduzir seus custos de tecnologia
Por Fabio Baccarin
O Nubank precisa de engenheiros? Sem dúvida. Mas todo mundo sabe disso: saiu nos jornais. O que não é tão óbvio é por que o banco precisa de uma consultoria de 40 funcionários chamada Plataformatec. A resposta se resume em duas palavras: programação funcional.
Um dos fundadores da Plataformatec gerou muita discussão no mundo todo (isso mesmo, no mundo todo) porque criou uma linguagem de programação chamada Elixir. Essa linguagem de programação está na categoria das linguagens puramente funcionais e, portanto, enxerga a programação de maneira distinta e não convencional. Apesar disso, esse tipo de tecnologia tem chamado a atenção de fintechs ao redor do mundo por um único e simples motivo: ela resolve muitos dos problemas do setor de maneira eficaz.
O Nubank tem, declaradamente, empregado linguagens funcionais. E tem feito isso porque faz sentido para o seu negócio – não por que é inovador per se. Atualmente, eles usam outra linguagem, chamada Clojure, que tem muitas características em comum com Elixir: ambas são funcionais. A programação funcional tem se mostrado uma alternativa bastante satisfatória para desenvolver soluções financeiras com eficiência. Isso gera redução de custos operacionais, maior velocidade de desenvolvimento e implantação de soluções, e produtos de qualidade. Consequentemente, os clientes e os investidores ficam felizes – e são eles que pagam os salários.
A Plataformatec se apresenta como “a empresa por trás do Elixir”. Essa empresa tem 40 engenheiros especialistas em programação funcional. Por isso, a aquisição da Plataformatec pela Nubank tem duas vantagens. A primeira é óbvia: aquisição de talentos. A segunda é: remoção de especialistas em programação funcional do mercado, tornando a adoção de linguagens funcionais mais difícil para concorrência. Se a empresa não existe mais, ela não pode dar consultoria em outras fintechs querendo usar linguagens funcionais para rivalizar com o Nubank. Se essa foi ou não a intenção do banco é irrelevante: as consequências são as mesmas.
O Nubank conta com o fato de que, em muitas empresas, linguagens funcionais seriam descartadas simplesmente porque não são tradicionais e amplamente conhecidas. Mas nenhuma tecnologia é usada por todo mundo até começar a ser usada por todo mundo. O fato de que o paradigma funcional é pouco conhecido é uma vantagem: quando o mercado perceber o potencial dessa tecnologia, o Nubank já estará muito à frente. Os investidores – e os clientes – do banco ficarão ainda mais felizes quando isso acontecer. É preciso dizer como ficarão os investidores e os clientes da concorrência?